Wednesday, October 26, 2011

A história do Zé Lelé

Saga sempre tem, mas a de hoje foi tão bizarra que eu tinha que postar aqui!!
Manja o cara maluquinho do filme "Um parto de viagem"? Pois tinha um ônibus cheinho com um único lugar vazio e foi lá que eu fui me sentar. De um lado, um cara com o jornal aberto ocupando metade do que seria meu assento e do outro, um cara barbudo (igual o ator do "Parto"), quase ocupando a outra metade do assento.
Depois que eu me acomodei percebi que o cara era estranho. Ele tinha uns tiques e ficava virando a cabeça e olhando para os dedos indicador e médio com muita frequência. De vez em quando ele falava sozinho, e as vezes virava o rosto e ficava me encarando...
Seria um nóia? Seria um deficiente mental? Estaria ele em algum surto psicótico? Seria um esquizofrênico? Algum tarado? Algum maníaco? Uma dessas pessoas que atira em todo mundo sem nenhum motivo?
E o busão parecia não sair do lugar e eu pensava: será que ele vai me bater? Gritar na minha orelha? Puxar meu cabelo?
De repente, percebi que os dedos que ele tanto olhava, tinha uma espécie de fio. Transparente. Muito fino. Uma teia de aranha? Ele monitorava a cada segundo para ver se a tal teia continuava lá. E continuava, mas um momento ele esqueceu dela e fechou os dedos e quando foi fiscalizar de novo, a teia tinha sumido. Ele ficou bravo e xingou, ficou impaciente. O cara do jornal se mexeu, acho que ficou com medo. Não tanto quanto eu. Ai meu Deus, ele vai mesmo arrancar meu cabelo pra fazer outra teia!!!
O cara fechou a cara, cruzou os braços, tirou o chinelo e dobrou as pernas, pensei que fosse chorar. Mas não ficou assim um segundo, logo pegou o celular e discou. Esperou. Ninguém pareceu atender. Então, ele deu um tapa na minha perna:
- Que horas são?
Eu não sabia porque não uso relógio. Mas ele queria mesmo saber. Deu um tapa no cara do jornal, que já havia guardado o papel e estava assistindo Dr. House no celular com fones de ouvido. Mas avisou que eram 19h10.
- Demorou. Vou ficar com ela!
E pareceu conversar com um amigo imaginário. Todos em volta olharam, mas ninguém disse nada. Deu outro tapa na minha perna, dessa vez sinalizando que queria sair. Dei licença. A porta estava em frente ao nariz dele, mas é claro que ele não percebeu e foi empurrando todo o mundo até chegar na catraca e perceber que a porta era nos fundos do ônibus e empurrou todo o mundo de novo. Desceu.
Todos sentimos um grande alívio. A moça em pé, ao lado da porta suspirou:
-Ainda bem, eu estava ficando com medo...

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