Saturday, March 06, 2010


Sopa de Letrinhas - tentando formar palavras que façam algum sentido...

Estava relendo algumas coisas que escrevi tempos atrás neste blog. Tem muita coisa, são sete anos da minha vida, do meu dia-a-dia, das coisas que passam pela minha cabeça no cotidiano. Algumas coisas mudam? Ainda não sei, talvez não tenha tido tempo suficiente para um amadurecimento. Fato é que venho aqui, escrevo, verbalizo meus sentimentos e sem esperar alguma ajuda, alguma opinião. É um exercício de auto-conhecimento e por enquanto estou tentando chegar à algumas conclusões.

Como a vida e a morte por exemplo. Existem pessoas que não conseguem lidar muito bem com a morte. Já disse várias vezes que eu perdi pessoas importantes, mas que nenhuma que estivesse ligada ao meu convívio diário. Então é óbvio que eu sinto falta, sinto saudade, mas nenhuma dor insuportável como alguns dizem sentir.

Eu não tenho medo da minha morte. Sei lá para onde é que eu vou depois que partir, mas acredito que onde estiver, não haverá mais tempo para arrependimentos.

E esses pensamentos mórbidos começaram por conta de um assunto que discutia com minha mãe pela manhã. Uma pessoa que depois de dois anos tratando de um câncer, descobriu que está novamente doente e agora recusa-se à uma cirurgia. Minha mãe acredita ser melhor tratar, que ela teria que pensar nas pessoas que estão por aqui e sofreriam caso ela viesse a ter complicações e falecer por conta da doença. Eu não concordo totalmente com a opinião dela, acho que ela deveria se tratar, mas por outro lado, entendo que ela queira viver sem ter que submeter à todo o tipo de privação que um tratamento para câncer iria obrigá-la a ter.

Sempre temos duas opções: viver ou morrer. Viver não significa apenas, fazer uma cirurgia e um tratamento para buscar uma cura. Viver para mim, também é sinônimo de aproveitar o tempo com meus familiares e amigos ( e prepará-los para o pior, porque não?).Ter prazer em fazer algo que sempre quis mas que acabou deixando para trás porque achava que teria muito tempo para fazer e agora, talvez nem tenha tanto tempo assim. Viver é poder acordar ao lado de quem ama, tomar um belo café da manhã, realizar um trabalho, cuidar de um filho, fazer o jantar, dormir em uma cama aquecida, viajar aos finais de semana com a família, encontrar uns amigos para um café, assistir o jogo do Timão na TV. Viver não é botar um remedinho debaixo da língua, ter náusea e vômito o dia inteiro, sentir dores no corpo, ter febre, alucinações e nem ter força para comer quanto mais preparar alguma refeição, não ter força para ver se o filho fez a lição, nem conseguir dar um abraço naquelas pessoas que estão ao seu lado...

Eu compreendo e acho até que faria o mesmo, aproveitar meus cinco minutos de vida intensamente a vê-la esmaecer aos poucos, escorrendo pelos meus dedos sem que eu nem tivesse tempo de dizer para todo o mundo o que eu sinto e quanto eu os considero importantes.

Digo e repito, cada um sabe o que é melhor para si. E que ninguém duvide do contrário.

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