Wednesday, July 20, 2005

SE A VIDA NÃO É UMA SAGA, TEM ALGUÉM TIRANDO COM A MINHA CARA... (parte II)


Merda, merda, merda... será que dá tempo de tomar café antes de sair de casa? Olhei o relógio e marcava 7h58. Droooooga, tinha perdido a hora. No domingo, coloquei o relógio para despertar as 7h30. Como rolou uma insônia brava de domingo para segunda nem tinha percebido que eu havia marcado o despertador no horário errado. Sete e meia ao invés de sete horas. Saí em disparada de casa já que entro ás oito no trampo.
Não deve existir pior coisa no mundo para uma pessoa que planeja cada passo que vai dar no dia do que ver seu plano descer pelo ralo. Lá vou eu, estou em pleno vapor das minhas habilidades mentais novamente. Ao contrário de segunda, não tive tempo de me preparar psicologicamente para ter um mal dia, as coisas pareciam que iam simplesmente acontecendo... raios... só faltava tropeçar na rua... como uma sopa de letrinhas, meu cérebro funcionava e funcionava a ponto de eu não conseguir concentração suficiente para trabalhar. Fui interrompida pelo telefone tocando. Era o filho do meu chefe, ele não viria trabalhar porque não estava se sentindo bem.
Ai, ai, ai... vai começar minha correria. O homem vai ficar uns dias fora e eu preciso pedalar o pessoal para prepararem tudo que ele precisa assinar antes de se ausentar da empresa. Entre uma coisa e outra, um pouco de dispersão. Porque eu não consigo parar de pensar essas coisas?? Que obsessão absurda!!!! Devia haver um botãozinho que a gente põe em off quando não quer mais raciocinar, pelo menos pôr em stand by devia dar...Acho que só vou conseguir parar de pensar em mim quando começar a reagir, a transformar em ações tudo isso que eu penso e sinto. Ótimo, vou começar pela minha saúde, que está momentaneamente debilitada...
Começar pelo gastro, a situação mais crítica. Ah tá, data mais próxima pra consulta em setembro. Ótimo, mais uns tantos finais de semana com cólica igual eu tive sábado vai ser maravilhoso!!! Vou ligar pra outro médico. Secretária eletrônica. Nosso horário de atendimento é das oito ás dezessete, deixe seu recado. São 9h30 da manhã. O telefone toca de novo, caramba... assim não vou conseguir fazer nada mesmo... era o filho do meu chefe de novo, queria saber se eu podia chamar um ambulância.
Liguei para o primeiro hospital, eles não cobrem convênio para esse tipo de serviço só particular. Tentei outro hospital, me pediram para ligar para o convênio e solicitar autorização para o serviço. Palhaçada, se fosse pra alguém morrer, arre égua, Ave Maria viu!!! Liguei para o corretor que nos dá assistência. Pediu para ligar para o 190. Adivinha o que aconteceu lá????? Siiiiim, liga para o 192. No 192 eles realmente podiam solicitar a ambulância, mas não queriam me atender...queriam falar direto com a pessoa que estava passando mal para se certificar de que não era um trote.... PELO AMOR DE DEUS!!!! Se fosse enfarte fulninante, era melhor eu começar a sentir culpa...
Enfim, o horário de almoço... "verdadeira fome Somália" ( GALVÃO, Flávio: 2004). Vou passar em uma banca e comprar uma revista. Preciso pensar em coisas diferentes das quais eu estou pensando, chega do mesmo lenga lenga encefálico... fui ao FNAC... fala se as coisas que estão acontecendo na minha vida não são uma saga!!! Tinha um poema do Arnaldo Antunes ( ecahhhh, nem gosto dele, mas li) na primeira revista que eu folheei:

Pensamento vem de fora

Pensamento vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Porque é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.
Pois é, assim fica até difícil de eu não comprar a revista, ainda mais que na capa já dizia que a reportagem principal falava da PAZ, era isso mesmo que eu buscava e sem contar a biografia do Paulinho da Viola. Tudo haver... acho que toda vez que eu quiser pensar em pessoa serena eu vou pensar nesse cara. Caracas, lá vou eu querendo pensar de novo... Mas é que parece que nada no mundo o aborrece, lembro o seu semblante, aquele meio sorriso, o olho brilhante, a voz suave, a melodia tranquila de quem canta uma vida.
A realidade me chama para voltar á labuta e ao meu tormento. O chefe ligando de um lado dizendo que saiu do hospital, o outro gritando meu nome pra eu ir na sala dele ajudá-lo ao mesmo tempo que pega a tesoura da minha mesa com a finalidade de zoar o meus lindos lisos cabelos nipônicos, a segunda linha tocando... tá parecendo o inferno de Dante, eu penso... só faltava mesmo o calor insuportável!!!
Ah, mas antes de ir embora precisava descobrir o sobrenome do Apollo pra localizá-lo no Orkut... afinal, apesar do nome pra lá de estranho, a Fá encontrou 946 tipos... muito tipos mesmo...a maioria, bastante mouros, muitos parentes do Bin Laden por lá... que medo...Hahahaha

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